O desenho desde os primórdios da história da Humanidade esteve presente, como forma de comunicação. Neste sentido, Peixoto et al. (2018, p. 30) afirmam que o desenho é a forma mais simples de expressão. Já, nos primeiros anos de vida a criança se mostra interessada no “desenho”, mais literalmente na possibilidade de imprimir a sua marca no papel branco, ou seja, o rabisco ou a garatucha.
O desenho, de acordo com Bagarollo, Ribeiro e Panhoca (2012), configura-se como um recurso de linguagem ao mesmo tempo em que traz possibilidades simbólicas advindas da expressão subjetiva de quem desenha. Assim, ele é visto como uma linguagem entre a fala e a escrita.
Segundo
Vygotsky (1995), o desenho infantil é um relato gráfico sobre alguma coisa, ele
pode ser compreendido como a fase anterior à linguagem escrita, isto é, o
desenho é uma linguagem escrita particular, é uma forma de expressão que surge
da linguagem verbal. Logo, o desenho possibilita o desenvolvimento da função
simbólica mais complexa. O autor, em sua Teoria da Aprendizagem, defende que o
desenho é uma linguagem
(um signo), que possibilita as interações sociais, isto é, ele é um mediador do
comportamento e do desenvolvimento do ser humano Neste sentido, para Vygotsky (1995), o desenho pode contribuir para o funcionamento mental humano.
Sob
esta perspectiva, Peixoto et al.
(2018, p. 30-31) explicam:
[...]
é no momento que a criança percebe que aquilo que ela desenha é parecido com
algo do mundo real que seu desenho ganha a função de signo. No momento que a
criança reconhece no seu rabisco um desenho, ela então percebe o que este
representa. Para a criança que está descobrindo a função simbólica, a boneca
desenhada no papel não é uma representação e sim uma boneca igual à dela, a
criança trata o desenho como se fosse algo real.
Corroborando com esta visão, Andrade et al. (2007) acrescentam que os desenhos são frutos da representação de mundo que a criança tem. É a forma como ela percebe o mundo e as relações de afetividade.
Assim, para Bagarollo, Ribeiro e Panhoca (2012), a linguagem, enquanto signo, isto é, a fala, o desenho e a escrita são mediadores do comportamento e, por isso contribuem para o desenvolvimento mental do ser humano.ANDRADE, A. F.; ARSIE, K. C.; CIONEK, O. M.; RUTES, V. P. B. A Contribuição do desenho de observação no processo de ensino-aprendizagem. Curitiba: Graphica, 2007.
BAGAROLLO, M. F.; RIBEIRO, V. V.; PANHOCA, I. Características do desenho de um sujeito autista. Comunicações, Piracicaba, a. 19, n. 2, p. 7-22, jul/dez 2012. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Downloads/1637-5944-3-PB%20(1).pdf>. Acesso em: 6 ago. 2023.PEIXOTO, B. N.; FONTOURA, D. S.; PASSERINO, L. M.; BEZ, M. R. A atividade de desenho mediada com comunicação alternativa como estratégia pedagógica para criança com autismo. Revista Diálogos e Perspectivas em Educação Especial, v. 5, n. 2, p. 29-42, jul/dez 2018. Disponível em: <https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/dialogoseperspectivas/article/view/7977>. Acesso em: 6 ago. 2023.
PEREIRA, R. Z. O desenho como forma de auxiliar no ensino de uma criança autista. Revista Esfera Acadêmica: Humanas, v. 5, n. 2, p. 36-46, 2020. Disponível em: <https://multivix.edu.br/wp-content/uploads/2021/05/revista-esfera-humanas-v05-n02-artigo03.pdf>. Acesso em: 6 ago. 2023.
VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas: historia del desarrollo de lãs funciones psíquicas superiores. Madri: Visor, 1995.
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