Com o passar dos anos, o número de crianças obesas tem aumentado, fazendo a Saúde Pública reconhecer a obesidade infantil como um grave problema, como uma epidemia.
A obesidade infantil é caracterizada por um excesso de gordura corporal em crianças de até 12 anos, sendo considerado sobrepeso quando o peso da criança está, no mínimo, 15% acima do peso de referência para a sua idade. O diagnóstico também pode realizado através do IMC (índice de massa muscular).
A obesidade está relacionada a diversas doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e má formação do esqueleto. Além disso, pode gerar dificuldades para executar atividades e brincadeiras comuns da infância. Não é um problema de estética. Por isso, vamos entender melhor os riscos e as principais causas da obesidade infantil no Brasil e no mundo.
Os riscos da obesidade infantil
Assim como, a obesidade é uma doença que pode comprometer a qualidade de vida do adulto, na criança os riscos são os mesmos. A diferença — e o que faz da obesidade infantil soar o alarme da Saúde Pública — é que o maior tempo de exposição ao excesso de gordura poderá desencadear doenças crônicas mais cedo, reduzindo a expectativa de vida do indivíduo.
Além disso, como a criança está em fase de crescimento, a obesidade infantil pode ser um impacto negativo no desenvolvimento dos ossos, músculos e articulações, prejudicando a formação do esqueleto.
Entre os riscos da obesidade infantil, de curto e longo prazo, podemos citar:
- Obesidade mórbida, quando adultos;
- Doenças respiratórias, como asma e apneia;
- Doenças ortopédicas, como problemas de coluna ou joelhos;
- Dores nas articulações;
- Disfunções do fígado, em função do acúmulo de gordura;
- Colesterol alto;
- Diabetes;
- Hipertensão arterial;
- Complicações metabólicas;
- Acne;
- Assaduras e dermatites;
- Enxaqueca.
Além disso, existem os riscos de cunho social e emocional, já que a obesidade pode desencadear quadros de doenças mentais ou problemas de relacionamento, incluindo:
- Depressão;
- Isolamento social;
- Solidão;
- Bullying;
- Disfunções alimentares, como bulimia ou anorexia;
- Baixa autoestima.
Causas
Nem sempre a obesidade infantil está relacionada ao consumo excessivo de comida, ou é culpa dos pais. Existem inúmeros possíveis fatores para a obesidade infantil. É preciso entender a rotina familiar, para diagnosticar e tratar corretamente as causas do problema. Sedentarismo, falta de alimentação saudável e problemas de sono são algumas das possíveis causas para a obesidade infantil.
Alimentação
Com o passar dos anos, houve uma drástica mudança nos comportamentos alimentares das casas, em todo o mundo. As crianças passaram a ter contato com alimentos industrializados e hipercalóricos, e se afastaram das frutas e de outros alimentos naturais e saudáveis.
Com o consumo exagerado de gorduras e açúcares, há uma mudança na produção de hormônios ligados ao prazer, como a dopamina. Assim, começa um processo de compulsão alimentar: como um vício.
Sedentarismo
Ao lado da mudança alimentar, observamos, também, uma mudança em relação às atividades físicas. Antigamente, crianças brincavam nas ruas, correndo e pulando. Hoje, as crianças passam muito mais tempo sentadas no sofá, de olho nos televisores, laptops ou videogames, segundo o Painel Nacional de Televisão, do Ibope Media. Com isso, a criança não gasta mais calorias do que come. Assim, engorda.
Falta de sono
A qualidade do sono pode ser um importante fator para a obesidade infantil. Estudo da Harvard Medical School mostra que o horário de descanso está sincronizado com o relógio biológico da criança. Assim, conforme a pesquisa, crianças que dormem tarde e acordam cedo para suas atividades escolares, apresentam maior concentração de gordura na região abdominal.
Manter consistente a rotina do sono, dormindo por tempo suficiente, pode prevenir a obesidade infantil, já que o sono garante o desenvolvimento e funcionamento fisiológico adequado.
Ansiedade e/ou depressão
Problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, podem alterar o comportamento da criança. Ela pode desenvolver compulsões alimentares, perder a vontade de praticar atividades físicas e desenvolver outros sintomas que prejudicam sua qualidade de vida. É importante que a criança possa ter acompanhamento psicológico, caso necessário, como parte do tratamento contra a obesidade.
Segundo pesquisa publicada na PEPSIC, a terapia pode ajudar no controle da compulsão alimentar, no aumento da autoestima e no manejo dos sintomas da depressão e ansiedade.
Fatores genéticos e hormonais
Existem, ainda, as causas genéticas e hormonais. Ou seja: nem tudo é culpa da alimentação ou da televisão. Filhos de adultos obesos, por exemplo, têm maior predisposição à obesidade infantil. Quando pai e mãe são obesos, as chances do filho ser obeso também são de 70 a 80%. Variações hormonais ou até mesmo o histórico da gestação da criança podem ter influência, também, no sobrepeso.
Especialistas do Hospital da Infância de Boston afirmam que crianças nascidas por cesárea têm alteração na flora intestinal, tendo maior incidência da presença de uma bactéria no intestino, comum em pessoas obesas. Você pode solicitar uma avaliação hormonal e metabólica, consultando um endocrinologista.
Como evitar a obesidade infantil?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade infantil está diretamente ligada às mudanças comportamentais que privilegiam o sedentarismo e a alimentação inadequada.
Apesar do esforço para incentivar uma alimentação saudável e informar da importância da prática de exercícios físicos para os adultos, a obesidade infantil não foi tratada da mesma maneira pela Saúde Pública. As diretrizes para tratamento da obesidade infantil da OMS incluem aconselhamento, dieta, análise dos hábitos alimentares (da criança e da família), além do acompanhamento das medições de peso e altura.
O diagnóstico e tratamento devem ser realizados por médicos especializados. No entanto, você pode promover uma mudança nos hábitos e rotinas da sua casa, buscando mais saúde e qualidade de vida para todos — incluindo seus filhos.
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