quinta-feira, 7 de março de 2024

O QUE É A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL?

De forma ampla a criança com deficiência intelectual (DI) é aquela que apresenta o raciocínio e a compreensão abaixo da média das crianças de sua idade, sendo que antigamente eram vistas como crianças com retardo mental.



Assim, a deficiência intelectual é caracterizada pela redução no desenvolvimento cognitivo, muitas vezes reconhecido como Quociente de Inteligência (QI). Este desenvolvimento frequentemente fica abaixo do esperado para a idade cronológica da criança, o que acaba comprometendo o seu desenvolvimento da fala e da psicomotricidade, entre outras habilidades. A deficiência intelectual atinge 1% da população jovem mundial. 

A deficiência intelectual pode variar entre leve, moderada e grave, como pode ser observado na figura 1, que demonstra a deficiência intelectual (e suas variações) no gráfico de inteligência.

Figura 1 - Variação total da inteligência humana e as variações da deficiência intelectual


                                                             Fonte: Gundersen (2007, p. 32).

A variação de capacidades e necessidades dos indivíduos com deficiência intelectual pode ser verificada em quatro áreas:

1.  Área motora: crianças com deficiência intelectual leve, embora não apresentem diferenças significativas quando comparadas às crianças “normais”, apresentam alterações na motricidade fina[1]. Nos casos mais severos são observadas incapacidades motoras mais acentuadas, como dificuldades de coordenação e manipulação. Ademais, frequentemente, as crianças com deficiência intelectual começam a andar mais tarde;

2. Área cognitiva: dificuldade em focar a atenção, dificuldade de aprender conceitos abstratos, bem como na memorização, resolução de problemas e generalização. As crianças com deficiência intelectual podem alcançar os mesmos objetivos escolares que os demais alunos, todavia num ritmo mais lento;

3.    Área da comunicação: a dificuldade de comunicação leva ao comprometimento das interações sociais;

4.    Área socioeducacional: embora haja a discrepância entre a idade mental e a idade cronológica nas crianças com deficiência intelectual, é fundamental “colocá-las” entre alunos da sua idade cronológica (para participar das mesmas atividades), o que melhorará o desenvolvimento das interações sociais do deficiente intelectual, já que ele aprenderá os comportamentos, valores e atitudes apropriados da sua faixa etária.

A deficiência intelectual não é considerada uma doença ou um transtorno psiquiátrico, e sim um ou mais fatores que causam prejuízo das funções cognitivas que acompanham o desenvolvimento diferente do cérebro. 

O diagnóstico da deficiência intelectual deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais que possam avaliar os fatores biomédicos, etiológicos, comportamentais, sociais e educacionais de cada caso.

Aproximadamente, em 50% dos casos de deficiência intelectual não é possível identificar as causas, uma vez que elas podem ser genéticas, congênitas ou adquiridas. As mais frequentes são: Síndrome de Down, síndrome alcoólica fetal, intoxicação por chumbo, síndromes neurocutâneas, Síndrome de Rett, Síndrome do X-frágil, má-formação cerebral e desnutrição proteico-calórica.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMC), as causas da deficiência intelectual provêm: “60% de causas ambientais e 40% de causas genéticas”. Corroborando com esta visão, a American Association on Intellectual and Developmental Desabilities (AAIDD) compreende que a deficiência intelectual está relacionada à articulação entre a patologia diagnóstica, os impedimentos decorrentes desta patologia e os meio ambiente no qual a pessoa habita (AAIDD, 2002). 

Nesta perspectiva, a AAIDD (2002) apresenta alguns aspectos que demonstram a influência dos fatores pessoais e ambientais para a avaliação do grau da deficiência intelectual (AAIDD, 2002). Tais fatores refletem no grau das limitações, provenientes da deficiência intelectual, no desenvolvimento individual dentro do contexto social da criança:

· A deficiência intelectual não é fixa, mas transformacional, uma vez que depende das limitações funcionais da criança e do “suporte” recebido do ambiente;

· A deficiência intelectual pode ser minimizada, quando há o provimento de intervenções, serviços ou apoios que possibilitem a aquisição de habilidades adaptativas e o estabelecimento de papéis socialmente valorizados para a criança. 

[1] É a maneira como são usados braços, mãos e dedos. Refere-se às competências necessárias para manipular um objeto, ou seja, como usar a mão e os dedos de forma precisa, de acordo com a exigência da atividade (SERRANO; LUQUE, 2016).

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