A obesidade tem crescido nos últimos anos em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde atinge cerca de 96 milhões de pessoas. O estilo de vida contemporâneo que enfatiza o sucesso profissional a qualquer custo, somado ao sedentarismo, aos hábitos alimentares inadequados, a falta de sono, o estado de estresse constante, entre outros fatores, têm contribuído para esses crescimento.
Neste contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade um problema de saúde pública que precisa ser equacionado. Conforme a OMS, a “obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal depositada em diferentes partes do corpo, podendo desencadear um baixo grau de inflamação, levando à coexistência de vários fatores de risco para a saúde” (DAMASO; CAMPOS, 2021, p. 1). Além disso, a obesidade traz consigo outras doenças, uma vez que aumenta o risco do obeso desenvolver a diabetes, problemas do coração, hipertensão, alterações dermatológicas, doenças pulmonares, desordens no sistema reprodutivo e treze tipos de câncer (MARTINS, 2018).
Outro ponto que contribui para o aumento do número de pessoas de pessoas obesas consiste na eterna busca pelo corpo perfeito, que quando não é alcançado leva essas pessoas a desenvolverem estados de angústia e frustração, decorrentes das insatisfações com o corpo, que acabam amplificados diante dos insucessos de dietas e tratamentos medicamentosos para a perda de peso.
A American Psychiatric Association (APA) esclarece que a obesidade está relacionada á fatores comportamentais, emocionais e cognitivos, embora ela não possa ser vista como um transtorno mental (BATISTA; MATOS; TOMAZ, 2019). Assim, segundo Matos, Machado e Hentschke (2020), frequentemente são observadas, em pessoas obesas, disfunções emocionais, sociais e cognitivas que acabam contribuindo para a manutenção da compulsão alimentar, que, por conseguinte impede que este indivíduo emagreça. Logo, é fundamental que estas disfunções sejam consideradas para o êxito do tratamento.
Silva, Santo e Ribeiro (2022) acrescentam que o alimento, para algumas pessoas, tem a função de um reforçador negativo, que por sua vez minimiza as sensações corporais desagradáveis, conseguindo, inclusive gerar um alívio imediato, porém a longo prazo, causa emoções negativas, como culpa e vergonha.
Sob esta perspectiva, Borges e Freitas (2022) defendem que é de suma importância a atuação do psicólogo no processo de tratamento da obesidade, inicialmente por considerar que esta doença tem várias causas, embora possa existir uma que se sobressaia sobre as outras. Neste sentido, cabe a este profissional identificar, compreender e trabalhar em cima destas as causas, de maneira a propor mudanças de hábitos que sejam compreendidas pelo paciente como uma mudança para melhorar a sua saúde e a sua autoestima.
Acredita-se que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode contribuir para a perda de peso de forma mais consistente e saudável, considerando-se que ela se fundamenta na ideia de que a forma de pensar do indivíduo influi no que ele sente e, por conseguinte na sua conduta (VIDAL, 2019). A TCC, por meio da avaliação e correção dos pensamentos disfuncionais, pode ser utilizada no tratamento da obesidade, uma vez que ela atua na compreensão de sua etiologia e dos aspectos que contribuem para a manutenção da patologia.
Vale frisar que a terapia cognitivo-comportamental tem como objetivo “a mudança de estilo de vida em relação a padrões alimentares e de atividades físicas de um indivíduo. É um tratamento que considera os aspectos psicológicos relacionados à obesidade e a necessidade de algum tipo de intervenção a esta população”. A TCC defende que não é a situação que determina o que os indivíduos sentem, mas, a maneira como eles a interpretam. Para a autora, na TCC, o terapeuta busca produzir a mudança cognitiva, ou seja, mudanças no pensamento e no sistema de crenças do paciente, que levarão à mudança emocional e comportamental duradoura. Portanto, no tratamento da obesidade esta terapia promoverá a mudança no pensamento e nas crenças do indivíduo obeso, o que consequentemente levará à mudança no seu comportamento, facilitando a manutenção do peso corporal depois da dieta.
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