quinta-feira, 23 de março de 2023

O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA - PARTE 1

 


O relatório do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), ou Centro de Controle de Doenças e Prevenção, publicou em dezembro de 2021, que uma em cada 44 crianças de oito anos, nos Estados Unidos, possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo Collyer (2021), estes dados demonstram o aumento de 22%, comparados aos resultados obtidos em 2018, quando foi constatado que uma em cada 54 crianças tinha TEA.

No Brasil, embora o tema venha sendo bastante discutido nos últimos anos, não há estudos científicos significativos que informem sobre a prevalência de TEA entre as crianças brasileiras, considerando-se que as escassas pesquisas limitam-se a alguns Estados da Federação (PAIVA JR, 2021).

O termo, autismo, passou por diversas alterações no decorrer dos anos, sendo hoje chamado de Transtorno do Espectro Autista pela American Psychiatric Association (APA, 2014). De acordo com Onzi e Gomes (2015), as principais características do TEA são atrasos persistentes na comunicação e na interação social, também são observados prejuízos em comportamentos que envolvem os interesses e os padrões de atividades. Os autores destacam que os sintomas do TEA estão presentes desde a infância do indivíduo, o que acaba limitando o seu desenvolvimento.

Contudo, Matos et al. (2020) advertem que grande parte das crianças não são diagnosticadas antes dos cinco anos, ou ainda somente quando passam a frequentar a escola, o que pode comprometer o seu desenvolvimento.

Buscando facilitar o diagnóstico, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems, ou Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, a CID-11 - documento da OMS que se dispõe a compartilhar informações sobre Saúde entre todos os países do mundo - ano início de 2022, reuniu todos os transtornos que estavam dentro do TEA num só diagnóstico (PAIVA JR., 2021).

Segundo Paiva Jr. (2021), a versão anterior - CID-10 - trazia vários diagnósticos dentro dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), dentre eles: Autismo Infantil, Autismo Atípico, Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno com Hipercinesia associado ao Retardo Mental e a Movimentos Estereotipados, Síndrome de Asperger outros TGDs sem especificação. Já, a CID-11 reúne todos esses diagnósticos no Transtorno do Espectro do Autismo, considerando-se que as subdivisões passaram a ser  relacionadas aos prejuízos na linguagem funcional e à deficiência intelectual. Vale salientar que a Síndrome de Rett foi retirada do diagnóstico do TEA e, por isso assumiu um código separado, a saber: LD90.4.

Cabral e Marin (2017) afirmam que as manifestações do TEA podem variar  dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do seu portador, todavia a identificação do Transtorno ocorre quando é observado prejuízo/comprometimento em pelo menos uma das seguintes áreas: interação social, linguagem comunicativa, jogos simbólicos ou imaginários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APA. American Psychological Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

COLLIER, R. Aumento da prevalência de autismo: 1 a cada 44 crianças. Observatório do Autista, dez 2021. Disponível em:<https://observatoriodoautista.com.br/2021/12/08/aumento-de-prevalencia-de-autismo-1-a-cada-44-criancas/>. Acesso em: 15 ago 2022.

MATOS, A. S.; SILVA, A. R.; MORORO, C. L. S.; DIAS, L. R. L.; MACHADO, N. Q. O.; REIS, M. M. Diagnóstico precoce de autismo: características típicas presentes em crianças com transtorno do espectro autista. Revista Master: ensino, pesquisa e extensão, v. 5, n. 9, p. 22-27, 2020. Disponível em: <Users/User/Downloads/132-Manuscrito%20(artigo%20original,%20artigo%20de%20revisão,%20relato%20de%20experiência%20etc.)-347-400-10-20200727.pdf>. Acesso em: 15 jul 2022.

ONZI, F. Z.; GOMES, R. F.  Transtorno do espectro autista: a importância do diagnóstico e reabilitação. Caderno Pedagógico, Lajeado, v. 12, n. 3, p. 188-199, 2015. Disponível em: <http://www.univates.br/revistas/index.php/cadped/article/viewFile/979/967>. Acesso em: 15 ago 2022.

  PAIVA JR., F. Autismo e a nova CID11. Revista On-line do Autismo, n. 15, dez 2021. Disponível em: <https://www.canalautismo.com.br/noticia/autismo-e-a-nova-cid-11/>. Acesso em: 15 ago 2022.


Silvia Laura Abrahão

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