Estudos realizado pela World Health
Organization (2019) demonstra que a longevidade e, por conseguinte a
população geriátrica cresce em todo mundo. Em
2018, 12,3% da população mundial tinha mais de 60 anos, estima-se que em 2050 este
percentual passará para 21,5%, o que significa que 2 bilhões de pessoas serão
idosas.
No
Brasil, onde a pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos de idade, tem sido
observado nos últimos anos, um crescimento de aproximadamente 650 mil idosos por
ano, o que, em 2020 levará a 30 milhões de idosos, 13% da população do país (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA , 2018).
Santa
Catarina é o quarto Estado da
Federação com mais idosos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE), estima-se que, no Estado, em
2035, o número de pessoas com 65 anos ou mais ultrapassará o de menores de 15
anos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA , 2017).
Certamente, estes números representam uma
conquista dos avanços da Medicina e da indústria farmacêutica, bem como uma
mudança social sobre a maternidade, haja vista a redução na taxa de natalidade.
No entanto, esta nova realidade também se mostra um desafio, sobretudo
para países em desenvolvimento como o Brasil, que não estão preparados para
atender as novas demandas desta parcela da população (DANIACHI
et. al., 2015).
Neste cenário, é
importante compreender e se preparar para atender as novas necessidades de
promoção de saúde da população, considerando-se que 80% dos idosos assinalam
perdas em 3 a 6 áreas - visão, audição, força, capacidade funcional, doenças e
cognição, além de ser observada a crescente e sistêmica ruptura na
adaptabilidade psicológica (BALTES; SMITH, 2016).
Neste sentido, percebe-se que o
envelhecimento traz a diminuição progressiva e fisiológica da reserva funcional
dos indivíduos, fato que é agravado quando o idoso é exposto a situações
desfavoráveis de sobrecarga e estresse, que podem prejudicar suas habilidades
físicas e mentais, diminuindo consequentemente sua independência na vida diária
e sua capacidade de integração social (SILVA et. al., 2014)
Logo, para o Estado o
crescimento da população idosa assinala a necessidade de investimentos maiores
no setor da saúde, diante da prevalência das enfermidades características desta
faixa etária, como afirmam Clemente, Loyola Filho e Firmo (2011, p. 555), “os
idosos apresentam demandas de cuidados em saúde diferentes daquelas do restante
da população”.
As quedas, e as consequentes fraturas de ossos, também são
mais frequentes entre os idosos, sendo inclusive causa de elevada taxa de morbimortalidade
(World Health Organization, 2016; DANIACHI
et. al., 2015; JUNIOR; FOUCHINI; RUEDIGER, 2013). As quedas decorrem geralmente da marcha instável e da perda do equilíbrio, que derivam da
insuficiência súbita dos mecanismos neuro-sensoriais e osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura (SILVA
et. al., 2014; World Health Organization,
2016).
Ainda é
considerado um fator que pode levar a queda, a utilização de medicamentos:
antidepressivos, psicotrópicos, ansiolíticos, sedativos, anti-hipertensivos e
diuréticos, levando-se em conta os possíveis efeitos colaterais ou as
interações medicamentosas inadequadas. Além disso,
a crescente incidência das fraturas em idosos nos hospitais públicos
brasileiros deriva do próprio aumento da população
idosa e falta de acessibilidade das estruturas, bem como ausência de
campanhas de prevenção da osteoporose e quedas, mesmo sendo essa
idade reconhecida como uma questão prioritária a ser tratada pelos
governos (ARGENTA; ZANATTA: LUCENA, 2016).
Astur et. al. (2013) e
Ricci et. al. (2012) acrescentam que no tocante, especificamente a fratura do
fêmur, muitos pacientes idosos vão a óbito em até dois anos, e a
maioria não recupera sua qualidade de vida e independência funcional. Nos
idosos, frequentemente as fraturas de fêmur estão relacionadas a traumas de
baixa energia, característica da própria faixa etária e da osteoporose. Também
é possível destacar fatores como fratura prévia, história familiar de
fratura de quadril, história de tabagismo, consumo de álcool, uso crônico de
glicocorticosteroides e artrite reumatoide, entre outras causas secundárias de
redução da massa óssea, de acordo com o sexo e a origem étnica (ASTUR et. al., 2013; DANIACHI et. al., 2015).
Estudos realizados por
Soares et. al. (2015), junto a idosos do município de São Sebastião do
Paraíso (MG), identificou que são fatores de risco para fratura de fêmur: a
hipertensão arterial sistêmica, a osteoporose e a depressão, considerando-se as
medicações usadas no tratamento dessas enfermidades; o sedentarismo; e o
trânsito dos idosos por superfície escorregadia, o que denota a necessidade das
escadas nas residências possuírem corrimão, haja vista que a maioria dos
acidentes acontece na própria casa do idoso.
As fraturas do fêmur
precisam de tratamento cirúrgico, e não é observado um consenso sobre que cirurgia
é a mais adequada, preferindo-se a análise de cada situação. Entretanto, vale
frisar que o resultado da cirurgia dependerá do tratamento pós-operatorio:
tempo entre a internação e a cirurgia; uso de antibioticoterapia profilática; e
fisioterapia pós-operatória (ASTOR et. al., 2013; DANIACHI
et. al., 2015).
Silvia Abrahão
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