quarta-feira, 24 de junho de 2020

AS QUEDAS E O IDOSO


Estudos realizado pela World Health Organization (2019) demonstra que a longevidade e, por conseguinte a população geriátrica cresce em todo mundo. Em 2018, 12,3% da população mundial tinha mais de 60 anos, estima-se que em 2050 este percentual passará para 21,5%, o que significa que 2 bilhões de pessoas serão idosas.

No Brasil, onde a pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos de idade, tem sido observado nos últimos anos, um crescimento de aproximadamente 650 mil idosos por ano, o que, em 2020 levará a 30 milhões de idosos, 13% da população do país (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA , 2018). 
Santa Catarina é o quarto Estado da Federação com mais idosos. De acordo com o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), estima-se que, no Estado, em 2035, o número de pessoas com 65 anos ou mais ultrapassará o de menores de 15 anos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA , 2017). 
 Certamente, estes números representam uma conquista dos avanços da Medicina e da indústria farmacêutica, bem como uma mudança social sobre a maternidade, haja vista a redução na taxa de natalidade. No entanto, esta nova realidade também se mostra um desafio, sobretudo para países em desenvolvimento como o Brasil, que não estão preparados para atender as novas demandas desta parcela da população (DANIACHI et. al., 2015).
Neste cenário, é importante compreender e se preparar para atender as novas necessidades de promoção de saúde da população, considerando-se que 80% dos idosos assinalam perdas em 3 a 6 áreas - visão, audição, força, capacidade funcional, doenças e cognição, além de ser observada a crescente e sistêmica ruptura na adaptabilidade psicológica (BALTES; SMITH, 2016).
Neste sentido, percebe-se que o envelhecimento traz a diminuição progressiva e fisiológica da reserva funcional dos indivíduos, fato que é agravado quando o idoso é exposto a situações desfavoráveis de sobrecarga e estresse, que podem prejudicar suas habilidades físicas e mentais, diminuindo consequentemente sua independência na vida diária e sua capacidade de integração social (SILVA et. al., 2014)
Logo, para o Estado o crescimento da população idosa assinala a necessidade de investimentos maiores no setor da saúde, diante da prevalência das enfermidades características desta faixa etária, como afirmam Clemente, Loyola Filho e Firmo (2011, p. 555), “os idosos apresentam demandas de cuidados em saúde diferentes daquelas do restante da população”.
As quedas, e as consequentes fraturas de ossos, também são mais frequentes entre os idosos, sendo inclusive causa de elevada taxa de morbimortalidade (World Health Organization, 2016; DANIACHI et. al., 2015; JUNIOR; FOUCHINI; RUEDIGER, 2013). As quedas decorrem geralmente da marcha instável e da perda do equilíbrio, que derivam da insuficiência súbita dos mecanismos neuro-sensoriais e osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura (SILVA et. al., 2014; World Health Organization, 2016).
Ainda é considerado um fator que pode levar a queda, a utilização de medicamentos: antidepressivos, psicotrópicos, ansiolíticos, sedativos, anti-hipertensivos e diuréticos, levando-se em conta os possíveis efeitos colaterais ou as interações medicamentosas inadequadas. Além disso, a crescente incidência das fraturas em idosos nos hospitais públicos brasileiros deriva do próprio aumento da população idosa e falta de acessibilidade das estruturas, bem como ausência de campanhas de prevenção da osteoporose e quedas, mesmo sendo essa idade reconhecida como uma questão prioritária a ser tratada pelos governos (ARGENTA; ZANATTA: LUCENA, 2016).
Astur et. al. (2013) e Ricci et. al. (2012) acrescentam que no tocante, especificamente a fratura do fêmur, muitos pacientes idosos vão a óbito em até dois anos, e a maioria não recupera sua qualidade de vida e independência funcional. Nos idosos, frequentemente as fraturas de fêmur estão relacionadas a traumas de baixa energia, característica da própria faixa etária e da osteoporose. Também é possível destacar fatores como fratura prévia, história familiar de fratura de quadril, história de tabagismo, consumo de álcool, uso crônico de glicocorticosteroides e artrite reumatoide, entre outras causas secundárias de redução da massa óssea, de acordo com o sexo e a origem étnica (ASTUR et. al., 2013; DANIACHI et. al., 2015).
Estudos realizados por Soares et. al. (2015), junto a idosos do município de São Sebastião do Paraíso (MG), identificou que são fatores de risco para fratura de fêmur: a hipertensão arterial sistêmica, a osteoporose e a depressão, considerando-se as medicações usadas no tratamento dessas enfermidades; o sedentarismo; e o trânsito dos idosos por superfície escorregadia, o que denota a necessidade das escadas nas residências possuírem corrimão, haja vista que a maioria dos acidentes acontece na própria casa do idoso.
As fraturas do fêmur precisam de tratamento cirúrgico, e não é observado um consenso sobre que cirurgia é a mais adequada, preferindo-se a análise de cada situação. Entretanto, vale frisar que o resultado da cirurgia dependerá do tratamento pós-operatorio: tempo entre a internação e a cirurgia; uso de antibioticoterapia profilática; e fisioterapia pós-operatória (ASTOR et. al., 2013; DANIACHI et. al., 2015).


Silvia Abrahão

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